Queridos e queridas candidatos(as),
Ao longo dos últimos anos, comecei a perceber uma tendência que me chamou a atenção: tamanha é a transformação de ensinas (participantes do Programa de Desenvolvimento de Lideranças) e alumni (ex-participantes) ao longo do nosso Programa, que eles estão tatuando a experiência na pele. Essas dezenas de tatuagens que tenho visto, somadas aos resultados significativos que temos alcançado como organização, reforçam estudos que afirmam que “transformar crenças é uma das formas mais potentes de transformar o sistema”.

A motivação e as mentalidades moldadas durante os dois anos em sala de aula não só afetam profundamente a visão de mundo dos participantes, como também irradiam de forma positiva para seus estudantes, outros professores e para as comunidades escolares como um todo através de um efeito multiplicador. E é por isso que, no Ensina Brasil, nós mudamos pessoas para mudar o país.
Um exemplo disso é a trajetória da Jaqueline Novoletti (saiba mais sobre a Jaque aqui). Uma mulher que acessou a universidade por meio de políticas públicas, se formou em Direito e, após se tornar advogada, foi selecionada por suas competências em nosso rigoroso Processo Seletivo de 2021, entre mais de 18 mil inscritos. Como ensina e professora de Língua Portuguesa, ela teve a oportunidade de lecionar para mais de 150 estudantes e colecionar diversas histórias de impacto, das quais destaco abaixo uma que me marcou especialmente. Nas palavras da própria Jaque:
“Dentre os estudantes incríveis que conheci, esse relato menciona um em especial: Luízo, aluno de 16 anos da Escola Mãe Vitória, que em 2022 permitiu que fizéssemos parte do seu processo de melhoria em leitura e escrita. Um estudante que, no 9º ano, ainda não tinha exercido plenamente seu direito de ler e escrever, sendo parte dos 65% de jovens com atraso de alfabetização do Brasil. Um estudante que já tinha relação com minha história há muito tempo: nascemos no mesmo dia. Depois de alguns meses, Luízo já evoluia no universo das letras, palavras e frases – fruto do esforço contínuo dele, que frequentava semanalmente nossos encontros no contraturno.
Eu, com o desejo de marcar na pele a experiência na docência, pedi a ele que escrevesse a palavra “Caminhos”. Ele caprichou na letra, mesmo eu não explicando ao certo o que faria com aquela palavra. Bem, até que ele descobriu: tatuei a letra dele no braço. As experiências em sala de aula agora estavam simbolicamente resumidas naquela palavra, escrita com a caligrafia daquele estudante, tatuada dentro de um quadro.“

E o que acontece agora? Agora, esse estudante – mesmo ainda com seus desafios – ganhou autonomia. E esse é o melhor presente que eu poderia receber ao final desse ciclo: Luízo não precisa mais de mim. Ele aprendeu a caminhar sozinho. E o que isso tem a ver com os próximos passos da minha vida? Esse estudante determinou o meu caminho: escolhi seguir trabalhando com políticas públicas ligadas à alfabetização. Culpa desse estudante, Luízo, que fez com que eu me abrisse, entendesse (e tatuasse!) os caminhos que a educação podem nos levar! E, a partir de agora, depois de pisar no chão da escola pública e ter encontrado Luízo, ele e os estudantes da Escola Mãe Vitória estarão, intrinsecamente, nos meus próximos capítulos de vida e em todos os meus pensamentos sobre educação.

Hoje, comprometida e com vivência profunda da realidade das escolas públicas, Jaque trabalha com alfabetização em grande escala para todo o estado da Paraíba. Acreditando que todos os estudantes podem aprender, ela é uma entre os mais de 800 participantes e ex-participantes de nosso Programa que estão, desde a sala de aula até as Secretarias e grandes organizações de educação, multiplicando seu impacto através de uma rede diversa que luta pela redução das desigualdades educacionais. Desafios antigos e atuais, como a alta taxa de evasão estudantil, aumento de casos de violência no ambiente escolar e da defasagem por conta do pós-pandemia, ilustram a importância de termos lideranças articulando e escalando soluções para as escolas – escala para todo o estado da Paraíba o caminho da Jaque e de lideranças influentes no setor público e em grandes empresas e organizações do terceiro setor em educação. Enquanto não tivermos uma massa crítica de pessoas que acreditam e trabalham por uma educação de qualidade para todos, continuaremos a ver resultados ineficazes nas escolas ou resultados em pouquíssimas delas.
Por isso, estamos construindo por aqui o caminho para que o Brasil não seja apenas um país de fanáticos pelo futebol, mas também um país de fanáticos pelas pessoas. Ou, como falamos por aqui, estamos construindo o caminho para o nosso “Maracanã de fanáticos pela educação”, lotado de profissionais diversos, com vivência de chão de escola e mentalidades para mudança sistêmica.
Convido vocês a fazerem parte da rede Ensina Brasil rumo ao nosso Maracanã!
Sigamos juntos(as) até o dia em que todas as crianças tenham uma educação de qualidade.
Érica Butow, CEO e e Cofundadora do Ensina Brasil
2 comentários em “Nós mudamos pessoas para mudar o país: confira a carta da Érica Butow para você!”
Sabemos dos desafios que compõem a esfera educacional, mas além disso reconhecemos nossa coragem mediante a tais desafios e em meios a tantos caminhos, escolhemos a missão como profissional da educação de transmitir nossos saberes com a esperança de colher frutos do nosso trabalho, ajudando nossos pequenos, nossos jovens e adultos e serem pessoas que possam mudar nosso mundo também.
Excelente exemplo de trabalho, podemos reforçar a importância da experiência no chão da escola e reconhecimento do impacto da educação na vida de todos, a alegria de quem compartilha conhecimento e também aprende . Fazer a diferença , tendo a compreensão que a escola pública pode e deve exercer a sua prioridade, de formar sujeitos com autonomia , podendo se tornar multiplicadores do mesmo ideal .